domingo, 19 de junho de 2011

Sobre tornar-se vulnerável...

Que delícia voltar por aqui depois de um tempo de imensa correria na faculdade! Não tive tempo pra escrever, mas algumas coisas boas tem acontecido, e uma delas é que eu me tornei vulnerável novamente. É verdade que eu estava já aprendendo essa arte de me abrir para outra pessoa, mas depois de algumas decepções consecutivas com namoro e amizades, eu me fechei novamente. Na verdade, acho que ainda permaneço fechada, dúvidas sobre deixar ou não as pessoas me conhecerem continuam me rondando, medo de ser rejeitada novamente se mostrar quem eu realmente sou, essas coisas chatas que me influenciam mesmo quando não penso sobre elas.

Como eu já disse, decidi entregar o controle do meu processo de restauração nas mãos da pessoa que Deus preparou pra estar comigo nesse momento, então não faz muito sentido esconder coisas que eu sei que são muito importantes. E foi assim que, mesmo sem muita vontade, chegou a coragem pra revelar alguns grandes segredos, de confessar pecados... aqueles sobre os quais já falei incontáveis vezes mas mesmo assim ainda sou tomada de imensa vergonha quando falo sobre ele. Experimentei de novo a vontade de sair correndo de tanta vergonha, misturada ao alívio por ser um pouco mais conhecida por outro ser humano.

No fim das contas, está sendo bom tudo isso. Sinto que naquele espaço, com ela, eu posso ficar desprotegida, porque lá é seguro...

‎"Quando te tornares vulnerável, e não tiveres medo de o ser, então irás colher alguns sofrimentos, mas hás-de saborear as alegrias mais profundas da tua vida. É que ser vulnerável, não é um mal, é um dom"

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Abrindo mão do controle


"...Vocês estão nas minhas mãos assim como o barro está nas mãos do oleiro." (Jr 18.6)
Bom, mais um dia de terapia, que gerou uma série de questões para processar no meu coração. O que mais me chama a atenção no momento é uma sensação "estranhamente boa" de perceber que finalmente não estou no controle do meu processo de restauração. Meu Deus, como é bom poder considerar alguém "poderoso" e confiável o suficiente para decidir o rumo da conversa, confiar que esse alguém vai conduzir todas as coisas e ter a certeza de que o futuro está assegurado. Ao mesmo tempo que é bom, é estranho, porque não estou acostumada com isso. Às vezes me sinto um pouco desconfortável nesse novo papel. Quem conduz a sessão (a hora de falar sobre cada assunto, o lugar de sentar, a hora de fazer o pagamento e marcar a próxima, etc) é ela, e não eu. Falando assim pode parecer algo autoritário, mas o que eu percebo é uma condução, e não uma imposição. 

Isso tudo me faz lembrar que no fim das contas, é assim que Deus age conosco. Nós estamos nas mãos de Deus, o nosso pai, assim como o barro está nas mãos do oleiro, ou como um paciente está nas mãos do terapeuta durante a sessão de psicoterapia. Pode ser algo óbvio, mas não é assim tão fácil de fazer na prática. Olhando pra trás, eu percebo que em toda a minha caminhada de restauração nos últimos anos, eu me mantive no controle. Claro que eu cresci muito com todas as descobertas que fiz, com o fato de ter falado sobre os grandes segredos pela primeira vez... vejo a grande transformação que isso gerou na minha vida. Mas também  tenho que admitir que o controle sempre foi meu, quando eu escolhia o que contar, pra quem contar, a hora de contar. A montagem do quebra-cabeças da minha vida estava toda nas minhas mãos. Eu consegui deixar muitas pessoas me ajudarem, mas a decisão final, em tudo, era sempre minha.

Hoje eu pude perceber que esse controle já estava me cansando, me deixando sufocada, angustiada. E eu não quero mais isso. Estou abrindo mão do controle da minha vida, por mais que isso me deixe desconfortável. No momento, escolho entregar para a minha psicóloga esse controle, o "poder" de relacionar o passado com o presente de forma que eu possa viver melhor. E que Deus, o " grande oleiro", conduza todas as coisas!


sábado, 7 de maio de 2011

Acolhimento

Esses dias estive num encontro onde ouvi muito essa palavra: acolhimento. Segundo o dicionário, acolhimento quer dizer: refúgio; amparo; hospitalidade; receber em sua casa, recolher; receber com agrado; recolher-se, refugiar-se. Agora, bom mesmo é experimentar o acolhimento, ao invés de apenas compreendê-lo ou defini-lo. Nesse encontro, eu me senti em casa. Embora eu não conhecesse ninguém que estava lá, eu me sentia parte daquilo. Definitivamente, aquele povo sabe acolher!

Como resultado, conheci algumas pessoas muito especiais por lá. E essa semana, uma dessas pessoas passou a ser a minha psicóloga. Isso mesmo, comecei a fazer terapia. Finalmente! Depois de anos pensando sobre as questões da minha vida, outros tantos estudando para ser psicóloga, finalmente conheci alguém, uma psicóloga cristã que me inspirou segurança e confiança, a ponto de eu escolher dividir um tanto da minha vida e me colocar num lugar de quem precisa de cuidado. Estava extremamente nervosa quando cheguei lá. Aos poucos fui ficando mais tranquila. Entrevista inicial, várias perguntas sobre a minha vida, as pessoas com quem me relaciono, meus sentimentos para com elas, etc, etc.. Confesso que fiquei cansada de responder tantas coisas. Fazia tempo que não falava tantas coisas sobre a minha vida! 

Mesmo assim, a sensação de estar lá era extremamente agradável. Um sentimento de inquietação, uma expectativa por algo bom que vai acontecer, uma esperança que surge dentro do peito, ainda pequena, mas como um vulcão que apenas espera algo acontecer para vir à tona. Como psicóloga, ela se colocou  diante de mim como alguém que se importa, que está disposta a cuidar de mim, a ser um lugar de refúgio, de amparo.. a me auxiliar nessa caminhada de ser uma nova pessoa, me reconhecer, me amar um pouco mais. Parece um sonho! Mesmo depois de tanto tempo, percebo que ainda mora dentro de mim aquela criança desamparada, perdida, confusa, que vai seguindo a vida mas no fundo sabe que deseja ser amparada e protegida.

É assim que esse primeiro encontro ainda ressoa no meu coração. Me senti acolhida integralmente. Ainda estou como quem sonha, ou melhor, como quem vê se realizar diante de si o seu maior anseio, aquele que já nem acreditava mais que fosse possível: ser cuidada por um outro alguém. Não sei bem como é esse papel de "ser cuidada", mas eu quero muito aprender.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Como vaso de barro

"Palavra do Senhor que veio a Jeremias, dizendo: Dispõe-te, e desce à casa do oleiro, e lá ouvirás as minhas palavras. Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas. Como o vaso que o oleiro fazia de barro se lhe estragou na mão, tornou a fazer dele outro vaso, segundo bem lhe pareceu." (Jeremias 18. 1-4)
Sinto que ainda há tanto a dizer, que ficou um pouco difícil escolher por onde começar. Como poderia resumir em algumas linhas tudo o que se passou em minha vida nos últimos anos? Decidi então iniciar com esse texto da Bíblia, que tem falado profundamente ao meu coração. Durante esse tempo sem escrever no blog, estive entregue nas mãos de Deus, como o barro se entrega ao oleiro. No momento, estou em tempo de reconstrução, vibrando e me surpreendendo com cada detalhe do vaso novo em que eu estou me tornando.